domingo, 19 de setembro de 2010

10 Coisas que Eu Odeio em Você - Parte III

Análise de cenas e/ou diálogos relevantes:


1. Kat recebe carta da universidade – foi aceita. Na sala, Kat (K), Bianca (B) e o pai delas (P) discutem.
P- Sarah Laurence não fica no outro lado do país?
K- Uma das razões para a candidatura.
P- Mas decidimos que ficaria aqui na escola. Washington como eu. Ser uma Wusky.
K- Não, você decidiu.
P- Então vai sem hesitar?
B- Esperamos que sim.
K- Pergunte à Bianca quem a trouxe para casa.
P- Não mude de... Quem te trouxe para casa?
B- Não se aborreça, há um rapaz...
K- Um imbecil incrível.
B- ...que poderá convidar-me...
P- Eu sei o que ele vai te perguntar e a resposta é não. Quais são as duas regras dessa casa? Número um: nada de namoros até se formarem. Número dois: nada de namoros até se formarem.
[...]
B- Sou a única garota da escola que não namora.
P- A sua irmã não namora.
K- Nem desejo.
P- E por quê?
K- Já viu os marginais sujos daquela escola?
B- De onde você é, do planeta dos perdedores?




O pai super protetor citado anteriormente é visível neste diálogo, onde impõe regras privativas e tem a ilusão de que sabe decidir o que é melhor para a filha contra a vontade dela. Também podemos notar a conseqüência dessa repressão, que é o fato da Bianca querer namorar independente de sentimentos reais, mas apenas para vivenciar experiências inusitadas para ela.

2. Diálogo entre Bianca (B) e Kat (K)
B- Já pensou num novo visual? Tem potencial enterrado debaixo dessa hostilidade toda.
K- Não sou hostil. Estou aborrecida.
B- Por que não tenta ser simpática? As pessoas ficariam sem saber o que pensar.
K- Não me interessa o que as pessoas pensam.
B- Importa sim.
K- Não, não me importo. Não tem de ser o que eles querem que seja.
B- Acontece que gosto de ser adorada. Obrigada.

A insegurança e a busca pela aceitação levam Bianca a adaptar-se a uma situação não inerente ao seu ser, não se importando em agir contra os seus desejos verdadeiros para ser adorada. A situação tem como consequência a perda da sua personalidade e da essência da sua pessoa para conservar uma imagem falsa, que também interferirá na realidade dos outros, que conviverão com algo que não é original. Kat é capaz de ver o quão opressor é o sistema, acreditando que se não se importar com o que pensam sobre si, conseguirá desenvolver o seu potencial como ser humano integralmente.
No entanto, não podemos excluir a possibilidade de Bianca ser assim por natureza e, por acaso, este seu comportamento convém com o que é exigido para o sucesso na vida social.

3. Kat (K) conversa com Bianca (B) como amiga-irmã pela primeira vez.
K- Eu sei que detesta ficar em casa por eu não ser uma garota normal.
B- Como se você se importasse.
K- Eu me importo, mas acredito em fazer uma coisa pelas nossas razões e não pelas razões dos outros.
B- Gostaria de ter esse luxo. Sou a única do segundo ano que foi convidada para o baile e que não pode ir porque você não quer ir.
K- O Joey nunca te contou que nós namoramos, não é? No nono ano, durante um ano.
B- Mas você odeia o Joey.
K- Agora odeio.
B- O que aconteceu?
K- [...]
B- Por favor, diz que está brincando!
K- Só uma vez. Logo depois da mamãe ter ido embora. Todos faziam isso, por isso eu fiz. Depois, eu disse que não queria mais porque não estava preparada. Ele ficou zangado e me deixou. Por isso, jurei nunca mais fazer nada só porque os outros fazem. E desde então não tenho feito, com a exceção da festa do Bogev e de ter vomitado.
B- Por que não me contou?
K- Queria que você chegasse sozinha a uma conclusão sobre ele.
B- Então por que ajuda o papai a me fazer prisioneira? Não sou assim tão estúpida para repetir os teus erros.
K- Pensei que estava te protegendo.
B- Ao não me deixar ter nenhuma experiência?
K- Nem todas as experiências são boas, Bianca. Nem sempre podemos confiar nas pessoas.
B- Acho que nunca saberei, não é?


Kat apresenta nesta cena as razões que a levaram a este comportamento diferenciado, surpreendendo-nos ao revelar que já viveu de acordo com o que Bianca considera normal. Suas experiências deste tempo não trazem nenhum orgulho para Kat, que por algumas razões conscientizou-se acerca da situação ridícula na qual se encontrava. Sua má vontade em ajudar Bianca a viver algumas coisas proibidas pelo pai perde o caráter de implicância e assume sua real motivação: proteger a irmã de experiências ruins já vivenciadas por ela. Não concordando com o que é dito por Kat, Bianca abandona a cena irritada por ser privada do que quer para si. O início da cena expõe mais uma vez as ideias da primogênita sobre o comportamento da juventude manipulada por fatores externos.

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