domingo, 19 de setembro de 2010

10 Coisas que Eu Odeio em Você - Parte II

(x) sobre jovens (x) para jovens

Análise sobre os tipos jovens representados:

1) Kat

Kat, pelo menos no ambiente escolar, é portadora de uma personalidade singular. Enquanto todos os outros personagens vivem rodeados por um séquito de semelhantes na personalidade e aparência, ela é sempre representada como exclusiva em seu modo de ser. Até mesmo suas amigas parecem vê-la com olhos pouco generosos nos momentos onde o seu estilo de pensar revolucionário se faz presente. Essa peculiaridade da personagem permite que ela seja capaz de observar e se posicionar em relação ao absurdo que presencia diariamente com mais lucidez do que os que estão inseridos e sendo manipulados pelo sistema. Experiências desagradáveis pelas quais Kat passou distanciaram-na da realidade juvenil graças ao amadurecimento precoce que, em alguns momentos, não se manifesta.

Ligação com o cenário:
Kat apresenta um diferencial ao visitar com freqüência uma livraria, onde se interessa pelos equipamentos musicais e busca livros, ato incomum entre os jovens que a cercam – exceto os interessados em Shakespeare.
Além disso, apóia o feminismo e freqüenta shows realizados por mulheres. Ao relacionar-se com Patrick, ambos começam a ir em ambientes que possibilitam o romantismo e a diversão (como o lago onde andam de pedalinho e o paintball onde acabam entre as palhas, num longo beijo).

Definição de festa para Kat: “é uma desculpa tola para idiotas beberem cerveja e esfregarem-se uns nos outros para se distraírem de suas vidas consumistas sem sentido”.

2) Bianca

A vaidosa Bianca, irmã de Kat, representa a juventude manipulada pelo sistema. É atraente, porém, alienada, e encara a vida de forma fútil. Sua realidade gira em torno da tentativa de atingir o sucesso social, não havendo espaço ou tempo para reflexões acerca do que deveria ser prioridade. Suas vontades são suprimidas por ela mesma, que apenas se comporta de acordo com aquilo que é esperado pelos outros, afinal, gosta de ser amada. O relacionamento com as outras personagens do filme é tão superficial quanto sua personalidade moldada, onde podemos perceber que muito do que é dito e feito só é assim por ser conveniente para a imagem dos jovens no seu pequeno grupo e para os que estão observando externamente. Sua volubilidade é sempre exposta quando Bianca conversa com Kat que, supostamente, é capaz de julgar o que vê de forma imparcial. O pai da personagem interfere em sua vida proibindo-a de fazer certas coisas que são normais nesta faixa etária, criando, talvez, um desejo ainda maior de se igualar aos outros.

3) Cameron Cameron é novo na escola e tudo lhe é apresentado como algo novo. Enxerga em Bianca, uma patricinha intocável, um ser puro e belo por quem se apaixona cegamente, sem perceber a futilidade da garota – assim, podemos notar a sua ingenuidade. Com sorriso fácil, olhos pequenos e uma timidez ao se relacionar com Bianca, as expressões de Cameron são o que podemos chamar de “meigas”. Quando o personagem começa a enxergar com clareza a personalidade superficial de sua paixão, é como se tivesse amadurecido. Embora seja tímido, ele corre atrás da realização de seus planos.

4) Patrick

Ligação com o cenário:

O cenário onde Patrick geralmente se encontra reflete o seu estereótipo de bad boy, sendo representado por uma espécie de oficina de ferragem e outros ambientes pesados, como um bar com mesas de sinuca cheio de motoqueiros. Para começar a se relacionar com Kat, começa a freqüentar lugares comuns aos da personagem, deixando para trás sua imagem inventada.

Personalidade (comportamento):
O passado negro, misterioso e composto por boatos absurdos atribuíram a Patrick a fama de bad boy. O jovem parece não se importar com o rótulo, não negando nada do que é dito sobre ele, afinal, esta posição lhe confere uma série de vantagens. Ser temido é uma grande dádiva no ambiente escolar representado no filme, onde existe uma competição entre os tipos paralelos. Desta forma, ele consegue se esquivar de qualquer conceito banal que o encaixaria nesta juventude imatura.
- Suas falas e expressões estão recheadas de um humor sarcástico, porém, simpático.

Valores:
Por trás desta máscara comportamental, existe um jovem romântico, que, embora tenha sido pago para conquistar Kat, acaba por deixar-se levar pela paixão decorrente do conhecimento pela garota. Aparenta certo idealismo ao planejar momentos inesquecíveis especialmente para Kat, como, por exemplo, cantar “Can't Take My Eyes Off You” para conquistar o seu perdão, ou lhe presentear com uma guitarra, sendo atencioso em relação aos sonhos triviais de Kat (um deles era formar uma banda).

Interação com fatos da trama:
Pessoas o temem pelos boatos misteriosos e sem fundamento.

Estereótipos apresentados no início do filme:

As tribos nas quais se encaixam os alunos da nova escola de Cameron são apresentadas no início do filme. Claro que tudo o que vemos é exagerado, mostrado através de estereótipos pouco verossimilhantes à primeira vista, porém, não é difícil de resgatar algum fundamento nesses excessos e compará-los com o que vemos em situações cotidianas. Há, inegavelmente, variações ocasionadas pela cultura, época, coorte, mas a associação continua sendo válida.
Sempre há um grupo de “pessoas bonitas” conscientes do poder que esta característica lhes dá, levando-os a um comportamento esnobe, construindo uma aura de superioridade sobre eles. Não falta espaço para as “patricinhas” burras, fúteis, as musas inatingíveis pelos fracassados que insistem em se apaixonar por esses tipos. A “turma do café” pode ser traduzida para a nossa realidade como a representação dos cults, os que aderem a uma vida regada por cultura alternativa. Os “cowboys” do longa, que “o mais próximo que chegaram de uma vaca foi no McDonald’s” nos remetem aos que tentam insistentemente manter viva uma tradição que não é mais praticável (tradicionalistas). Os CDFs, alunos estudiosos, materializam-se nos “futuros MBAs”, desconfiados e gananciosos. Por fim, os “rastas brancos”, que não passam de lunáticos, o pessoal que confunde a realidade, encaixando-se em uma dimensão própria, aderindo um ídolo como Bob Marley, interpretando suas citações e seguindo seus atos como fumar maconha.

Valores e dilemas juvenis que
Permanecem até hoje:

- Atualmente, apesar de a juventude ter cada vez menos limites, ainda existem os pais radicais no sentido oposto, os pais super-protetores. Estes interferem na formação do indivíduo de maneira repressora, impondo limites excessivos à liberdade dos filhos, o que pode resultar em duas sérias conseqüências:
1) O jovem pode crescer sem as experiências necessárias para encarar o mundo sozinho. Em vez de evoluir gradativamente, ocorre um choque na hora de seguir em frente, o que, por não ter o preparo psicológico que se espera de um jovem adulto, lhe faz regredir.
2) O jovem pode tornar-se um rebelde e almejar liberdade a qualquer custo. Sem uma educação paralela, este também não está preparado, já que, normalmente, existem muitos tabus entre a relação desses pais e filhos.
Os pais repressores muitas vezes interferem no futuro dos filhos diretamente, como no caso da Kat ter decido por tal universidade e o pai dela não ter lhe apoiado inicialmente.

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